03 novembro 2008

Estamos mesmo em 2008?

Neste meu primeiro post no Pensare Jota não posso deixar de começar por agradecer ao meu grande amigo Hugo Sampaio o convite que me foi dirigido para participar neste blog e, principalmente, pela sua iniciativa em criar um espaço de reflexão sobre a JSD e os problemas que afectam a juventude.

Vivemos tempos conturbados. Estamos no mês de Novembro. Os portugueses andam chateados. O Governo já nacionalizou um banco. Os militares andam num reboliço. Parece que já vi este filme... Não fosse o calendário que tenho à frente a indicar-me o ano de 2008 e a, subtil, lembrança que nasci na década de 80, pensaria que estava em 1975.
Mas não. Estamos mesmo em 2008.

Li a entrevista do Gen. Loureiro dos Santos e, apesar de ele ter exagerado um pouco na forma (só assim é que a comunicação social passaria a mensagem), tenho de concordar com o conteúdo da sua mensagem: existem graves problemas nas Forças Armadas. Desde logo porque as Forças Armadas Portuguesas não estão preparadas para o século XXI. O fim do SMO conduziu à profissionalização dos quadros das FA. Mas esta na realidade nunca existiu. Tirando alguns oficiais de topo, que muito têm feito para dignificar internacionalmente o nome de Portugal, toda a estrutura vive num total amadorismo.

Tenho amigos nos três ramos das Forças Armadas e as histórias que me contam do seu quotidiano são de corar de vergonha: quartéis sem as mínimas condições que continuam a funcionar não se sabe muito bem porquê, material completamente obsoleto que por vezes põe em causa a saúde dos militares, funções completamente desfazadas da realidade, novas tecnologias nas FA é um Pentium II, ...

Este desinvestimento na Defesa Nacional deve-se muito a uma visão que tem vindo a ganhar adeptos nas últimas décadas nos estados europeus e que assenta numa utopia: nunca mais haverá guerra na Europa. Assim, a pergunta lógica a fazer é: para que gastar dinheiro em armas se o dinheiro é mais bem empregue e necessário na Educação ou na Saúde? Bem o terrorismo e o ressurgimento do imperialismo russo são dois bons argumentos, não? E que tal o combate às várias formas de tráfico? Não deverão as Forças Armadas alterar a sua forma de ver o mundo? Ou continuaremos a participar em missões internacionais com três ou quatro elementos?

O desinvestimento das Forças Armadas em infra-estruturas, em materiais e nas pessoas acabará por levar a um tal estado de degradação que ficaremos mais vulneráveis do que na época das invasões francesas.

Perante tudo isto qualquer jovem que pretende fazer carreira nas Forças Armadas, seja oficial ou soldado, vê que afinal a vida militar não é assim tão diferente da vida civil. Em ambas, não existe muita luz ao fundo do túnel.

Todos fazemos parte de uma geração que não tem como fugir dos sacrifícios a que se vê obrigada (ao contrário dos seus ascendentes) e cujo futuro acaba por ser mais do que nunca uma grande incerteza.

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